quarta-feira, 29 de maio de 2013

PUREZA FORÇADA



 RENATA BEIRO e 
OTTON BELLUCCO

As vidas têm muitas vias,
mas são só uma
em cada corpo...
Por que as julgas
o tempo todo?
Por que finges tal denodo
se tu não te importas,
de verdade, com os outros?
Sempre evocas críticas,
cenários burlescos,
mas vazios de ‘eu’
como antigos arabescos.
Tanto fogo
em tua boca,
tanta perfídia
em teu ventre,
mas há sangue
em tua língua,
estranhamente...
O teu coração bombeia
cercado de espinhos,
repleto de areia,
não sangra,
só queima...
Teimas no júri informal
em que te colocas...
Nele sempre serei réu,
a serpente no paraíso,
o engodo carnal,
a anormal, a ‘galinha’,
mas nunca serviçal
de tua inveja ferina,
de tua pureza forçada,
por recalques, marcada...